Escudando-se nas condições hodiernas de um mundo em crise, o individualismo tem solapado o princípio de unidade da igreja e um tipo de fé de consumo se desenvolve, trazendo consigo uma pretensa espiritualidade “tu no teu cantinho e eu no meu[1]”, e pessoas cumprem rituais por desencargo de consciência mais preocupado com ter do que ser, consigo mesmo do que com Cristo.
O modelo protestante de Cristandade se afasta do ideal reformado de igreja promotora do bem comum, e procura fazer do Estado e da nação instrumentos para seu próprio benefício, fazendo gritante distinção entre Igreja e Estado no sentido de dissociação de vida pessoal e reino de Deus, e a vocação profética da igreja se faz nula por interesses políticos e institucionais.
A busca pelo alcance da plenitude da verdade pela razão tem minado a fé colocando Deus à margem, levando a igreja a desprezar os estudos bíblicos, a teologia, e tudo que é de valor.
Deve-se resgatar a teologia como atividade espiritual e não meramente acadêmica, uma teologia que ajude a nutrir praticas espirituais cotidianas do Povo de Deus. O modelo “teologia do sucesso[2]” que tem como medidor de eficiência o número de membros de uma igreja e a ascensão meteórica do ibope pastoral tem reduzido a teologia a inutilidade.
O ambiente do teólogo não pode estar reduzido a um escritório cheio de livros e o indivíduo isolado, como cabeça pensante, a produzir a “verdade cristã”. O primeiro lugar da teologia deve ser a Igreja em missão onde aquele que foi chamado para o ministério pastoral, teólogo, portanto, promove o diálogo da prática e da teoria e a Igreja não funciona somente como destinatário da obre teológica, mas como sujeito da teologia enquanto age, com discernimento, no mundo.
A teologia é a expressão do modo de ser da comunidade cristã, e não um produto acadêmico meramente intelectual.
A teologia presta um desserviço se vira as costas às críticas, pois é em meio a elas que a teologia irá servir a Igreja, cumprindo o que Cristo fez, serviu. A prática pastoral também irá se consolidar em meio às abordagens críticas, mostrando que Teologia não é apenas teoria.Somos desafiados como teólogos protestantes brasileiros a fazer uma leitura de nossa igreja, de nossa cultura, de nossa teologia e verdadeiramente vivermos uma vida de fidelidade às Escrituras Sagradas, fidelidade aos princípios protestantes de uma igreja reformada sempre reformando.
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