Este episódio se dá no mar de Tiberíades, também conhecido como Mar da Galiléia ou Lago de Genesaré, onde Pedro fora pescar e Tomé, Natanael, os filhos de Zebedeu (João e Tiago) e mais dois discípulos se dispuseram a pescar com ele e durante toda a noite estiveram no mar sem nada pescarem. Pela manhã, Jesus estava na praia (era esta sua terceira aparição após a sua morte e ressurreição), e não fora reconhecido... Jesus pergunta se eles têm algo para comer e eles respondem que não; Jesus sugere que joguem a rede do lado direito e assim eles fazem, e as redes ficaram tão cheias que não conseguiam puxá-la. João (o discípulo amado) reconhece a Jesus e fala a Pedro que rapidamente põe as vestes e se atira em direção a Jesus... Jesus fala para que tragam dos peixes que pescaram. Puxaram a rede e tinham 153 grandes peixes... Jesus os serve pão e peixe... ninguém perguntava se de fato era Jesus porque já tinham esta convicção.
Tendo eles comido Jesus estabelece um diálogo com Pedro (Simão filho de João)
Tudo nos indica que a refeição fora num ambiente de pouco diálogo e quando Jesus estabelece o diálogo com Pedro, estavam caminhando, como nos mostra o V. 20. Entendemos que Jesus não queria causar constrangimento, expondo Pedro a nenhuma situação de desconforto.
Se fossemos avaliar a situação, talvez fosse de nosso entendimento que este diálogo de Jesus com Pedro deveria ter acontecido na noite da páscoa e em presença de todos, mas esta não foi a vontade de Jesus. As coisas acontecem a bom tempo, no tempo de Deus. Jesus vence a morte e volta para ter este diálogo, promover este conserto com Pedro. A SEU tempo.
Quem é Pedro?
Pedro é um dos discípulos mais citados na Bíblia e era quem estava sempre perto de Jesus... Foi ele quem quis andar nas águas com o Mestre, foi ele quem não queria permitir que Jesus se entregasse à morte, foi ele quem cortou a orelha de Malco lutando pelo seu Senhor e foi ele que prometeu que se preciso fosse morreria junto com Jesus! (Jo 13.36 e 37 - “Perguntou-lhe Simão Pedro: Senhor, para onde vais? Respondeu Jesus: Para onde eu vou, não podes agora seguir-me; mais tarde, porém, me seguirás. Disse-lhe Pedro: Por que não posso seguir-te agora? Por ti darei a minha vida”.)
Mas não fez, ao contrário, ele negou o Senhor por três vezes como já sabemos.
Jo 13.38 - “Respondeu Jesus: Darás a tua vida por mim? Em verdade, em verdade te digo: Não cantará o galo até que me tenhas negado três vezes”.
Mas, porque Jesus perguntou a Pedro três vezes se ele o amava, será que Ele não conhecia bem ou acreditava em Pedro?
Na primeira e segunda vez Jesus emprega o termo agapao para fazer suas perguntas a Pedro. Na terceira vez utiliza o verbo phileo. No entanto Pedro responde todas as três com o termo phileo. Jesus pergunta “tu me amas”, Pedro responde: “eu gosto de ti”.
O que podemos ver, de princípio que Pedro é traído por seus sentimentos.
Conseguia apenas demonstrar que gosta de quem precisaria amar de todo coração, alma, força e entendimento.
Pedro amava sim a Cristo, mas não incondicionalmente, o amor dele pela vida era maior que o amor dele pelo Mestre, por isso ele não teve coragem de reconhecer que era seguidor de Jesus e o negou.
Não são poucos os momentos que somos traídos por nossos sentimentos como Pedro.
Jesus conhece a Pedro e faz com que ele pare, reflita e se lembre de afirmações do passado.
Jesus conhece a nossa fraqueza e o quanto somos falhos em nossas declarações e entendimento, Ele conhece a nossa natureza... Contudo Ele nos ama. É por esta razão que mesmo tendo Ele experimentado rejeição dos discípulos, acusações, torturas, crucificação, morte e ressurreição - Ele retorna.
JESUS NÃO SE ALEGRA COM NOSSOS PECADOS
Como aconteceu com Pedro, tem acontecido com muitos de andarem na presença de Deus e nutrirem um sentimento de fortidão, arrogância, autoconfiança, achar que estão acima de qualquer suspeita e, quando menos esperam caem de seus pedestais, e, ainda assim, Jesus vem ao nosso encontro para nos tratar, nos acolher, os restaurar.
Vemos as palavras contidas no V.15 – Jesus precisava acertar algumas coisas na cabeça de Pedro, entretanto Ele não se alegra em nos expor com nossos pecados. Jesus opta por demonstrar se amor e faz perguntas que mostram a culpa de Pedro, e não faz por meio de palavras duras.
O culpado sabe o que fez. Pedro havia saído do pátio do sumo sacerdote chorando amargamente. Mas ele é lembrado do seu modo perigoso de se superestimar pela vivacidade de seus sentimentos, querendo ser mais que os outros.
Vimos na narrativa há poucos que ele saltou para a água, para ser o primeiro a se aproximar de Jesus, e deixou os outros resolverem sozinhos como arrastariam o barco e a rede até a terra firme. Será que, apesar de tudo o que aconteceu, ele mantém sua reivindicação de amar a Jesus mais do que os outros?
Jesus ao se dirigir a Pedro, não se aproxima dele fazendo uso de títulos ou méritos que outrora lhes foram concedidos, do contrário, o chama de Simão, filho de João. Ele é chamado a estar diante de Jesus apenas como a pessoa que é. Jesus aborda pelo que de melhor esperara dele, a saber, o seu amor. A resposta dele, conforme verificamos no texto original, ao ser interrogado se ama a Jesus ele responde que positivamente, mas na forma do amor de amigos.
Pedro não faz uso do termo “agapaw” que expressa amor incondicional, e sim “filew”, que é gostar.
Ainda assim, Jesus expressa seu infinito amor que desafia a uma vida de restauração e fidelidade que chama o servo, para se posicionar e receber a integralidade do Seu perdão e ser comissionado a uma nova função de cumprir seu papel cristão de cooperador no reino apascentando os cordeiros.
JESUS VEM AO NOSSO ENCONTRO PARA NOS RESTAURAR
Ainda que Pedro tenha respondido positivamente, pois a demonstração do amor não é condizente com a expectativa, ou seja, Jesus pergunta e condiciona a “mais do que os outros” Pedro viveu numa grande ilusão egocêntrica. Ele responde tentando se livrar se livrou do “mais do que os outros”.
É este o amor que Jesus espera de Pedro? É esse o amor que jesus espera de seu povo, sua igreja?
Tornou a perguntar-lhe pela segunda vez: Simão, filho de João, tu me amas? – Pedro demonstra constância diante da pergunta. Repete sua resposta, novamente com o emprego da humilde palavra “filew”, Ele não ousa afirmar que ama de tal maneira como Jesus amou. Mas apesar disso precisa responder afirmativamente à pergunta de seu Senhor. E novamente pode apoiar-se no próprio olhar penetrante de Jesus.
Ele lhe respondeu: Sim, Senhor, tu mesmo sabes que gosto de ti. Mais uma vez o Senhor não lança dúvidas sobre a declaração de seu discípulo, mas sela-a com seu envio para o serviço.
Disse-lhe Jesus: Pastoreia as minhas ovelhas.‖ Na realidade Jesus usa a expressão "ovelhinhas", a fim de deixar claro o quanto suas ovelhas são frágeis e ameaçadas neste mundo, com que urgência carecem do serviço de pastor e com quanto amor o Bom Pastor, seu verdadeiro proprietário, está preocupado com elas.
Não há coisa mais triste na vida espiritual que a consciência do culpado. O grande problema com o pecado não é que Deus não possa nos perdoar. Ele nos perdoa. O grande problema com o pecado é que a consciência do pecador não aceita, às vezes, o perdão.
Será que você é alguém atormentado pelo peso da culpa? É alguém que há anos e anos vem carregando o fardo de uma consciência culpada?
Este livro está cheio de promessas maravilhosas! Não importa o seu passado, não importa o seu presente, não importa como você viveu, não importa o que você fez. Há perdão para você e ninguém vai se perder porque um dia caiu; se alguém se perder será simplesmente porque caindo, não quis acreditar de novo, não tentou levantar-se, não tentou continuar a caminhada. Não quis aproveitar a oportunidade ou as oportunidades dadas por Jesus.
JESUS CONHECE AS NOSSAS LIMITAÇÕES
Assim predito por Jesus, Pedro o nega três vezes. Aquele que outrora dissera que morreria por Jesus, esquiva-se de seu compromisso no momento de assumir sua identidade como seguidor de CRISTO.
Era necessário que fosse interrogado por Jesus, perguntado por três vezes sobre a mesma coisa para que ele pudesse fazer um exame de consciência e não agisse impulsivamente. Ele precisava desta oportunidade para poder avaliar se soube aproveitar a oportunidade dada por Jesus de ser uma pessoa diferente, alguém que aprende com seus próprios problemas.
Pedro de fato se tornou uma pessoa diferente pela experiência de sua culpa e seu arrependimento. Será que reagirá outra vez impulsivamente? Dirá ele palavras fortes de asseveração, dando vazão a seus sentimentos?
Pedro é levado a olhar para Jesus e sua resposta, agora pela terceira vez, é dada levando em conta exatamente a pessoa de JESUS, ele não olha para si nem para as circunstâncias para apresentar uma oferta de encantamento ou emotividade para Jesus.
Pedro reporta para a onisciência de Jesus “ tu sabes todas as coisas”, com quem dissesse: Tu me conhecias. Predisseste a minha negação quando eu a ainda considerava impossível. Conheces minha queda e olhaste para mim quando o galo cantou. Conheces minhas lágrimas. Mas então tu também reconheces que eu gosto de ti.
Jesus é Deus, por isso, nos conhece:
Sl 139:13 Pois tu formaste o meu interior tu me teceste no seio de minha mãe.
16 Os teus olhos me viram a substância ainda informe, e no teu livro foram escritos todos os meus dias, cada um deles escrito e determinado, quando nem um deles havia ainda.
CONCLUSÃO
Nos três momentos de pergunta, Jesus se dirige a Pedro por seu nome original e ainda que a resposta dele tenha sido sincera, Jesus insiste para que ele olhasse para dentro de si e reflita sobre sua vida.
O que é apresentado na pergunta de Jesus a Simão? "Simão, filho de João". "Simão, filho de João" ... o que aconteceu com Jesus? Por que perguntou tantas vezes, "Simão, filho de João"? Sabe o que Jesus está querendo dizer? Simão, filho do homem, filho da carne. Simão, ser humano, lembre-se que você é filho de João.Você quer Me seguir, quer começar uma nova experiência Comigo? Então lembre-se de que você é filho de João, que você não é Deus. Você é homem, você é carne.
Quando esquecemos que somos “filhos de João”, e que não somos “super crentes”, muito menos “semi deuses” tendemos a um declínio vertiginoso, a um total fracasso espiritual.
Para Jesus não há título, condição ou posição pessoal que nos faça melhores para ELE ou merecedores de “mais” atenção do que quem quer que seja.
JESUS muda a tônica da pergunta valorizando a sinceridade do coração de Pedro.
Talvez você esteja morto na vida espiritual. Tente lembrar-se. Sabe quando começou a sua decadência espiritual? Quando você não aceitou o cargo que a Igreja lhe ofereceu. Quando você deixou de cantar / tocar no ministério de louvor?
Cristianismo não é levantar aos domingos pela manhã, assistir ao movimento de Escola Bíblica Dominical e sair, olhar na agenda se tem mais algum movimento da Igreja, voltar à noite para assistir o Culto Público Solene. Cristianismo é compromisso com Deus, com a vida da Igreja.
Hoje a pergunta de Jesus é dirigida a você: "Simão, filho de João, quer começar de novo?"
Sua melhor resposta, sendo verdadeira, será: "Quero, sim, Senhor!"
E você terá como resposta de Jesus: "Então, comprometa-se com Deus, com a Igreja e consigo mesmo. Envolva-se com a Missão que deixei nesta Terra."
Toda lembrança de pecados passados, ainda de pecados perdoados, renova a tristeza do penitente verdadeiro. Ciente de sua sinceridade, Pedro apelou solenemente a Cristo, que conhece todas as coisas, até os segredos de seu coração. Bom é que nossas quedas e erros nos tornem mais humildes e alertas. A sinceridade de nosso amor a Deus deve ser posta a prova. E nos convém rogar com oração perseverante e fervorosa ao Deus que esquadrinha os corações, que nos examine e nos prove para ver se somos capazes de resistir esta prova. Ninguém que não ame o bom Pastor mais que toda vantagem ou objeto terreno pode ser apto para apascentar as ovelhas e os cordeiros de Cristo.
O amor a Cristo é a força motivadora dos crentes para o pastoreio mútuo. Envolve serviço, dedicação e, às vezes, até recursos. Não é fácil. Fácil é encontrar quem queira ser pastoreado, socorrido, atendido em suas necessidades. Para desejar que me pastoreiem, basta amor próprio; para desejar pastorear alguém, é preciso que ame a Cristo acima de todas as coisas.
“Cristãos, vós me amais?” – pergunta, hoje, o mesmo Jesus. “Pastoreiem minhas ovelhas”. O Senhor está à procura de amantes, homens e mulheres transformados, crentes cheios do Espírito de Amor, pessoas interessadas em servir ao Deus de suas vidas no cuidado daqueles que lhe são caros.
O famoso poeta inglês Williian Shakespeare disse: "Aqueles que não mostram o seu amor, na verdade não amam". Assim sendo, a melhor prova do nosso amor a Deus é dada quando obedecemos sua palavra, e trabalhamos em reino com compromisso e dedicação
