Dos valores existentes na pessoa de Jesus Cristo, não há condição alguma de se contestar o caráter exclusivo de Cristo como salvador, redentor, libertador, resgatador e reconciliador do homem em sua inteireza e totalidade, consigo mesmo, com o próximo, com o universo e acima de tudo com Deus.
O fato de ser Deus soberano e em Jesus propiciar ambiente para reconciliação do homem com tudo o que precisa ser reconciliado, não desobriga o homem do dever cristão de trabalhar em favor de este acontecimento, empreendendo em sua reconciliação com Deus e batalhando para proporcionar condições para que as demais pessoas de seu convívio também tenham oportunidade de este encontro ou reencontro com Deus.
Não podemos incorrer o erro dos chamados “hiper-calvinistas” que se esquivam do dever cristão da evangelização por conta de um entendimento equivocado e extremado de que, pelo fato de Deus ser soberano no processo de reconciliação de Seu povo consigo mesmo, se sentem desobrigados de sua tarefa do dia-a-dia de pregar e viver a sã doutrina cumprindo o “indo por todo o mudo e pregado o evangelho a toda criatura”[1]. De fato Deus é O agente desta reconciliação, entretanto a obra redentora de Deus em Cristo deve ser tal que proporcione o estabelecimento da paz que torne possível a restauração da amizade e harmonia entre pessoas e povos, todos entendendo ou buscando a verdade de que Deus é eterno e único e que não há salvação ou reconciliação sem Jesus e que esta não seja propriedade exclusiva de nenhuma denominação e sim do próprio Deus.
Dentro desta perspectiva é que há a proposta de um diálogo inter-religioso que não visa debater a assertividade de qualquer que seja a religião e sim a necessidade de um denominador comum entre as partes de que há uma necessidade urgente de amizade, paz e reconciliação entre povos, proposição primeira do ecumenismo que é um apelo à unidade de todos os povos contido na mensagem do Evangelho. O que se torna desafiador é as variantes surgidas com o movimento favorável à união de todas as igrejas cristãs, que depois se abre ainda mais para uma tentativa de união entre as mais diversas religiões.
Considerando o fato de ser Jesus a cabeça da Igreja, conforme encontramos nos escritos paulinos, e a forma e que as religiões estão representadas em toda face da terra, e a proposta de total unificação, como seria este corpo? Uma cabeça plural para um corpo multifacetado? Creio que se assim for, deixaremos de viver o verdadeiro cristianismo para apregoarmos uma forma de doutrina como o leibnizianismo[2], um ensinamento composto de uma pluralidade de elementos fundamentais, que, embora heterogêneos, mantêm contigüidade, continuidade e concatenação entre si.
Dando créditos ao que podemos, vemos que a Lei de Deus apresenta o pecado como o elemento que afasta o homem de Deus e por assim ser, o homem é incapaz de realizar por si mesmo a vontade de Deus. A Lei cumpre o propósito de demonstrar a pecaminosidade humana contrastando com a Santidade de Deus e por assim ser, é eminente a necessidade de Deus ser O agente da reconciliação que se faz cumprir na história, em Jesus Cristo, “nascido Sob a Lei, nascido de mulher” cuja vida, morte e ressurreição trazem a reconciliação da humanidade, não só a reconciliação com Deus, mas também o rompimento da barreira entre os seres humanos.
Jesus se dá pela causa da unificação dos povos, exemplificados na Bíblia como judeus e gentios.
Porque as Escrituras Sagradas dizem: “Quem crer nele não ficará desiludido.” Isso vale para todos, pois não existe nenhuma diferença entre judeus e não-judeus. Deus é o mesmo Senhor de todos e abençoa generosamente todos os que pedem a sua ajuda. Como dizem as Escrituras Sagradas: “Todos os que pedirem a ajuda do Senhor serão salvos.” (Rm 10.11-13 NTLH)
No Novo Testamento, Deus, por meio do pagamento de um preço, isto é, a morte de Cristo na cruz, compra para uma vida de nova liberdade a pessoa que era escrava do pecado e da Lei. Essa redenção será completada no final dos tempos. Deus livra a pessoa da culpa e do poder do pecado e a introduz numa vida nova, cheia de bênçãos espirituais, por meio de Cristo Jesus que salva as pessoas da condenação e do poder do pecado, dando-lhes uma nova vida de felicidade e de amor ao próximo sem distinção de raça, cor, etnia...
O caráter redentor de Deus, O libertador do povo de Israel ao longo da história, começando com a libertação da escravidão no Egito, Is 63.13 RA – “Mas tu és nosso Pai, ainda que Abraão não nos conhece, e Israel não nos reconhece; tu, ó SENHOR, és nosso Pai; nosso Redentor é o teu nome desde a antiguidade.”, aponta para o caráter Salvador de Jesus Cristo, que salva as pessoas da condenação e do poder do pecado, At 5.31 RA – “Deus, porém, com a sua destra, o exaltou a Príncipe e Salvador, a fim de conceder a Israel o arrependimento e a remissão de pecados.”
E exclusividade de Cristo para a salvação deve provocar o homem um desejo de intensa busca pela salvação uma vez que Deus é Sato e se relaciona com Seu povo em santidade. Salvar o homem é uma ação exclusiva e faz parte da economia de Deus, mas viver uma vida de santidade é algo que compete ao homem. Para o cristão, não como dissociar adoração de vida, uma vez que culto, honra, reverência e homenagem a Deus devem ser prestados a todo o momento em todos os atos, palavras e pensamentos, quer sejam nas mínimas coisas às mais elaboradas.
Um diálogo inter-religioso pode conduzir os povos a várias reflexões quanto a sua vida, seus deveres e obrigações, sua relação interpessoal, sua reação com a natureza, o cosmos, sua relação com todas as coisas que foram criadas por Deus para o bem estar do homem. Poderá ajudar o homem a melhor se posicionar na sociedade quanto ao reconhecimento de seus direitos deveres e obrigações; poderá conduzir a humanidade a uma melhor elaboração das políticas públicas sociais que promovam uma vida, um futuro melhor em um ambiente mais respeitoso e menos hostil; poderá imprimir na humanidade um sentimento maior de respeitabilidade e tolerância quanto aos princípios éticos e valores, perfis sociais.
O tempo urge pela necessidade de se debruçar com a vida sobre a Palavra de Deus, deixando de lado os enfadonhos tratados teológicos e discursos academicamente preparados para uma dileta clientela, para que possamos viver a integralidade do evangelho em nossos tempos e para sempre!
O que importa é fazer a vontade de Deus, obedecer a Deus, colocarmo-nos no verdadeiro lugar de servo que se ocupa apenas e tão somente em fazer a vontade e Seu Senhor que é soberano. Inclinar o homem a Deus só ele mesmo tem capacidade.
É muito fácil ser cristão dentro do templo; é muito fácil amar a quem nos ama; é muito fácil agradar a quem nos agrada; é muito fácil concordar com quem pensa como nós.
É hora de acordarmos[3] e acordarmos pregação com vida, fazendo bom uso d’Aquele que é único paradigma para nossa vida, Jesus. O grande desafio é viver o modelo de plena humanidade que ele os mostra através de Sua vida e testemuho.
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