Considrando a origem etimológica do termo ecumenismo, bem como seu sentido original, veremos que tem relação clara com a idéia do bem partilhar o espaço de vida do ser humano, ou seja, a terra como sua habitação comum a ser partilhada, tem, portanto, uma conotação geográfica. No decorrer da história, vários fatores contribuíram para que novos sentidos valores fossem agregados a este termo, a saber, políticos, sócio-culturais e eclesiológicos. Por conta destes fatores, vê-se o signo “ecumenismo” distanciando de seu conteúdo semântico, passando a ter significados e interesses diversos.
Pretendeu-se a princípio a idéia de “Igreja, difundida por toda a terra”, postulando-se a catolicidade da igreja, tentando expressar teologicamente, embora sem bases bíblicas para tal, o esforço por recuperação da unidade visível da Igreja de Jesus Cristo. Com isto há o desejo, não só de unidade da igreja bem como da humanidade dentro de uma perspectiva social. A idéia, portanto, é de comunhão.
Verificando o significado do termo comunhão, temos o seguinte:
1) Associação com uma pessoa, envolvendo amizade com ela e incluindo participação nos seus sentimentos, nas suas experiências e na sua vivência (1 Co 1:9 - Fiel é Deus, pelo qual fostes chamados à comunhão de seu Filho Jesus Cristo, nosso Senhor. 1 Co 10:16 - Porventura, o cálice da bênção que abençoamos não é a comunhão do sangue de Cristo? O pão que partimos não é a comunhão do corpo de Cristo? 2 Co 13:13 - Todos os santos vos saúdam. Fp 2:1 - Se há, pois, alguma exortação em Cristo, alguma consolação de amor, alguma comunhão do Espírito, se há entranhados afetos e misericórdias, Fp 3:10 - para o conhecer, e o poder da sua ressurreição, e a comunhão dos seus sofrimentos, conformando-me com ele na sua morte; 1Jo 1:3 - o que temos visto e ouvido anunciamos também a vós outros, para que vós, igualmente, mantenhais comunhão conosco. Ora, a nossa comunhão é com o Pai e com seu Filho, Jesus Cristo. 1 Jo 1:6 Se dissermos que mantemos comunhão com ele e andarmos nas trevas, mentimos e não praticamos a verdade.1Jo 1:7 Se, porém, andarmos na luz, como ele está na luz, mantemos comunhão uns com os outros, e o sangue de Jesus, seu Filho, nos purifica de todo pecado.)
2) Relacionamento que envolve propósitos e atividades comuns; parceria (At 2:42 - E perseveravam na doutrina dos apóstolos e na comunhão, no partir do pão e nas orações. 2 Co 6:14- Não vos ponhais em jugo desigual com os incrédulos; porquanto que sociedade pode haver entre a justiça e a iniqüidade? Ou que comunhão, da luz com as trevas?Gl 2:9 - e, quando conheceram a graça que me foi dada, Tiago, Cefas e João, que eram reputados colunas, me estenderam, a mim e a Barnabé, a destra de comunhão, a fim de que nós fôssemos para os gentios, e eles, para a circuncisão; Fl 1:6 - para que a comunhão da tua fé se torne eficiente no pleno conhecimento de todo bem que há em nós, para com Cristo.)[1]
E, também:
substantivo feminino ; ato ou efeito de comungar; 1 ação de fazer alguma coisa em comum ou o efeito dessa ação; 2 sintonia de sentimentos, de modo de pensar, agir ou sentir; identificação; 3 comparticipação, união, ligação; 4 Rubrica: liturgia. - o sacramento da Eucaristia; 4.1 Derivação: por metonímia. Rubrica: liturgia. - a administração ou a recepção da Eucaristia; 4.2 Derivação: por metonímia. Rubrica: liturgia.- parte da missa em que o sacerdote administra o sacramento da Eucaristia; 4.3 Derivação: por metonímia. - litur.cat. antífona ou salmo que o sacerdote lê na missa após haver comungado; 5 Derivação: por metonímia. Rubrica: religião. - comunidade religiosa unida em torno de uma mesma fé; 6 Rubrica: termo jurídico. - domínio de duas ou mais pessoas sobre a mesma coisa, de que detêm partes abstratas; 6.1 Rubrica: termo jurídico. - conjunto de direitos e obrigações sobre a coisa possuída em comum; 6.2 Rubrica: termo jurídico.- sociedade de bens e interesses que se estabelece entre marido e mulher por força do contrato de casamento.[2]
Pelo que podemos ver, além da catolicidade temos que primar pela apostolicidade da Igreja. Em se tratando do termo comunhão, propriamente dito, devemos nos dar a serviço de pensar quanto haver, ou não, possibilidade de uma relação ecumênica inter-eclesiástica ou inter-religiosa que considere a universalidade e a apostolicidade da Igreja, primando-se pela excelência da exposição fiel das Sagradas Escrituras, bem como uma vida eclesiástica de total obediência a Deus.
Na América Latina, o ecumenismo sempre esteve articulando com as chamadas classes desfavorecidas, sob alegação de estar acessível ao povo de menor instrução, o “povão”.
Muitas iniciativas ecumênicas estão documentadas a partir de 1916, com o Congresso do Panamá, que foi organizado pelo CCLA – Comitê de Cooperação para a América Latina. Em 1934, no Brasil, se cria a CEB – Confederação Evangélica do Brasil, com objetivo primeiro de aproximar as Igrejas protestantes umas das outras, incentivar a cooperação e coordenar iniciativas na área social, na produção de literatura entre outras.
Muitas tentativas vêm sendo feitas para que se alarguem as participações no movimento ecumênico em toda a América Latina. No final década de 70 é criado o CLAI – Conselho Latinoamericano de Igrejas, e em 1982 o CONIC – Conselho Nacional de Igrejas Cristãs, órgão mais importante do movimento ecumênico no Brasil, contudo, são poucas as Igrejas que participam dela, a saber, A católica, luterana (IECLB), episcopal-anglicana, reformada, metodista, presbiteriana unida (IPU) e a ortodoxa siríaca.
O movimento ecumênico no Brasil, vivenciado na década de 80 e seguintes, postulava “uma nova de ser igreja” e “unidade na diversidade”, levado muitos cristãos ao profundo descontentamento com as igrejas que, paulatinamente aderiam ao movimento, muitas delas com posições extremas às outras, e isto causou muitos problemas para as mais diversas igrejas e religiões.
Assim como hoje vivemos em um mundo globalizado, parece que querem fazer o mesmo com as igrejas e religiões, pretextando uma unidade na diversidade, mas o que encontramos, na verdade, é um camarço eclesiástico e uma fé apositiva, como se a Bíblia precisasse de algo mais.
Fica para os cristãos contemporâneos, remanescente fiel, um conselho do Apóstolo Paulo, “Rogo-vos, pois, irmãos, pelas misericórdias de Deus, que apresenteis o vosso corpo por sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional. Rm 12.1”, na devemos arrazoar nem racionalizar com o pecado, relativizado a ação de Deus na igreja; Paulo continua “E não vos conformeis com este século, mas transformai-vos pela renovação da vossa mente, para que experimenteis qual seja a boa, agradável e perfeita vontade de Deus.”, ou seja, não podemos e nem devemos viver como as pessoas deste mundo, descompromissadas com Deus, e sim, buscar em Deus a nossa direção.
Um comentário:
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Bom trabalho!
Um forte abraço.
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