“Assim diz o
SENHOR: Ponde-vos à margem no caminho e vede, perguntai pelas veredas antigas,
qual é o bom caminho; andai por ele e achareis descanso para a vossa alma; mas
eles dizem: Não andaremos.”
Os
Judeus, da Antiga Aliança, porém, pareciam não compreender o chamado de Deus ao
arrependimento.
Jeremias,
o “profeta relutante”, começou seu ministério com cerca de 20 anos de idade, no
reinado do bom rei Josias, de quem era amigo. Porém, após a morte de Josias, a
oposição ao profeta ganhou ímpeto por parte dos nobres e reis subsequentes.
Naturalmente sensível e compreensivo, recebeu de Deus a incumbência de
proclamar uma severa mensagem de julgamento, por quatro décadas conclamando
Judá a que sofresse uma conversão radical para o bom caminho.
O
que significa essa conversão? O que quer
dizer esse chamado ao arrependimento?
Segundo
o Dr. R. C. Sproul, “nas Escrituras, arrependimento significa ‘experimentar
alguém uma mudança de mente’... não é uma mera questão de mudar opiniões
secundárias, mas, de toda a direção da vida. Envolve sair do pecado para
Cristo.”
Devido
a tão importante valor dessa doutrina podemos afirmar que a chamada divina ao
arrependimento, primeiramente, ...
è É UMA
CONDIÇÃO NECESSÁRIA PARA A SALVAÇÃO - At. 20:17-21
“De Mileto,
mandou a Éfeso chamar os presbíteros da igreja. E, quando se encontraram com
ele, disse-lhes: Vós bem sabeis como foi que me conduzi entre vós em todo o
tempo, desde o primeiro dia em que entrei na Ásia, servindo ao Senhor com toda
a humildade, lágrimas e provações que, pelas ciladas dos judeus, me
sobrevieram, jamais deixando de vos anunciar cousa alguma proveitosa e de vo-la
ensinar publicamente e também de casa em casa, testificando tanto para judeus como
a gregos o arrependimento para com Deus e a fé em nosso Senhor Jesus [Cristo].”
Segundo
o historiador e médico Lucas, companheiro de viagem do apóstolo dos gentios,
Paulo, por ocasião de sua terceira viagem missionária, passando pela Ásia, este
convoca uma reunião dos presbíteros de Éfeso em Mileto. Certamente, o motivo de
Paulo não querer passar por Éfeso é divido ao fato de que seus amigos não o
deixariam partir senão depois de uma breve visita. É bom lembrar que Paulo
desejava estar, o quanto antes, em Jerusalém onde esperava passar o dia de
Pentecoste, festa de gratidão pela providência de Deus.
Paulo
estava consciente de que não voltaria à Ásia. Daí, aproveitar ele a última
oportunidade de falar aos líderes da igreja, antes de ir para Jerusalém com a
probabilidade de detenção e de prisão ali.
Por
ser o seu último discurso dirigido à igreja, os posteriores foram voltados para
suas defesas diante dos judeus e dos romanos, sua preleção deveria trazer o
resumo de seu zelo pela obra missionária, como que numa retrospectiva, e bem
assim, instruções para a igreja.
Aqui
temos um resumo do que Paulo realmente pregava – versículo 21 – tanto judeus
como gregos necessitavam do arrependimento e da fé. E porque precisavam do
arrependimento ? Por ser ele necessário para a salvação !
O
arrependimento não é a causa do novo nascimento ou regeneração, antes é o
resultado ou fruto da regeneração. Ele é uma atitude do homem, uma resposta do
homem ao chamado divino à fé implantada em seu coração. “Lançai de vós todas as
vossas transgressões e criai em vós coração novo e espírito novo; pois, por que
morreríeis, ó casa de Israel ?” (Ez. 18:31)
É também uma obra de Deus que o Senhor capacita os seres humanos a
fazerem: “E, ouvindo eles estas cousas, apaziguaram-se e glorificaram a Deus,
dizendo: Logo, também aos gentios foi por Deus concedido o arrependimento para
a vida.” (At. 11:18).
De
acordo com Howard Marshall, o apóstolo Paulo frequentemente usava o termo
“conversão” – do grego: epestreyate -- ao
invés de “arrependimento” – do original: metanoian – que pertence ao vocabulário de Lucas. Um
exemplo disso é 1 Tessalonicenses 1:9: “... vos convertestes a Deus, para
servirdes o Deus vivo e verdadeiro.
O
Dr. James Kennedy ressalta que meramente arrepender-se dos próprios pecados não
garante a entrada no céu; como dizem os humanistas: basta que você sinta
contrição autêntica pelos seus pecados, confessando-os e arrependendo-se dos
mesmos, esforçando-se daí por diante, por levar uma vida correta. Isso é arrependimento ! Mas o que falta para
ser um arrependimento conforme as Escrituras ?
O arrependimento deve dar a Cristo o lugar que Ele
merece em sua vida, ou seja, a primazia;
como o Senhor Jesus ensinou: “... buscai, pois, em primeiro lugar, o seu reino
e a sua justiça, e todas estas coisas vos serão acrescentadas.
Não
é suficiente saber que o arrependimento é uma condição necessária para a
salvação, para andarmos pelo bom caminho é necessário responder positivamente
ao chamado divino. Por isso, a chamada divina para o arrependimento, em segundo
lugar...
è EXIGE UMA RESPOSTA URGENTE - Mt. 3:2
“Arrependei-vos, porque está próximo
o reino dos céus.”
Mateus,
o coletor de impostos transformado em apóstolo, escritor do evangelho que leva
o seu nome, escrito especialmente para judeus visando responder às suas
indagações sobre Jesus de Nazaré, que é o Messias de Israel, nos apresenta a
exigência urgente do arrependimento.
Enquanto
Jesus ainda morava em Nazaré surge João
Batista, pregando no deserto da Judéia de conformidade com a profecia de
Isaías: “Voz do que clama no deserto: Preparai o caminho do SENHOR; endireitai
no ermo vereda a nosso Deus.” (Is. 40:3)
Tais
palavras são antecedidas pela expressão “arrependei-vos” (v.2). O
arrependimento aqui é uma resposta, uma preparação para a chegada do Reino dos
céus. O Reino de Deus estava para ser imediatamente manifesto em Israel, na sua
plenitude através da pessoa e obra de nenhum outro senão o próprio Messias. E
segundo, o Dr. R.V.G. Tasker, “para esta grande chegada os homens precisavam
preparar um caminho em seus corações.” Tasker diz ainda que “reino” significa
“domínio real” mais do que a esfera em que esse domínio é exercido.
O
autor da epístola aos Hebreus nos adverte: “Hoje, se ouvirdes a sua voz, não
endureçais o vosso coração.” (Hb. 3:7,8). Certamente, ouvimos aqui ecos do que
dizia o grande profeta João aos seus contemporâneos. É também sem sobra de
dúvida uma mensagem para os dias de hoje.
Por
53 vezes no novo testamento os homens são chamados ao arrependimento. No
entanto, há muitos que se iludem com a falsa esperança de cair no favor divino
por algo que possam ter feito ou ainda que pretendam vir a fazer. É o caso do
prefeito de minha cidade natal, Campo Belo, que em entrevista ao jornal
evangélico local disse ter certeza de ir para o céu por já ter sofrido muito e
por ser alguém muito bom. Porém, com base nas Escrituras a Confissão de Fé de Westminster
afirma que tal esperança perecerá juntamente com os tais, com disse Jesus “...
se, porém, não vos arrependerdes, todos igualmente perecereis.” (Lc. 13:3).
Dada
a urgência de tal exigência, a do arrependimento, por que ela não é hoje em dia
mais claramente anunciada em nossos púlpitos ?
R.B. Kuyper diz que é devido ao fato do homem ter perdido de vista duas
coisas:
(1). O real significado do pecado. Eles o veem
como algo de pouca importância, desculpável por fazer parte da natureza
humana. Não percebem que o pecado
inevitavelmente produz a morte;
(2). A santidade de Deus. Não levantam os olhos,
pois, se ao menos os erguessem e contemplassem a Deus, haveriam de abominar a
si mesmos e de arrepender-se no pó e na cinza.
Assim,
para andarmos no bom caminho, temos de responder urgentemente à chamada divina
ao arrependimento e isso porque ele, em terceiro lugar...
è TRAZ CONSIGO PRECIOSOS BENEFÍCIOS - I Jo. 1:9
“Se
confessarmos nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados e
nos purificar de toda injustiça.”
O
teólogo Dr. R. C. Sproul diz-nos que “quando o arrependimento é oferecido a
Deus num espírito de verdadeira contrição, ele promete nos perdoar e restaurar
nossa comunhão com ele.”
O
discípulo amado, João, autor das cartas e do evangelho que levam o seu nome
escreve, possivelmente, de Éfeso, onde passou os últimos anos de sua vida,
escreve-nos quanto aos benefícios do arrependimento advindos da confissão dos
pecados. Certamente este – o perdão dos pecados e a consequente entrada na
família de Deus – é o maior de todos os benefícios e um dos primeiros.
Preocupado
com seus “filhinhos” e em favor de seu “bem-estar” espiritual, João, já de
idade avançada, ensina que devemos “dizer a mesma coisa que Deus diz com
respeito ao pecado”, e isso é confissão, segundo Charles Caldwell Ryrie.
Uma
vez tendo-nos apropriado do espírito de arrependimento que Davi demonstrou no
Salmo 51:10, 17, como segue -- “Cria em
mim, ó Deus, um coração puro e renova dentro em mim, um espírito inabalável.
... Sacrifícios agradáveis a Deus são o
espírito quebrantado; coração compungido e contrito, não o desprezarás, ó Deus”
– cabe a nós gozarmos de todos os
benefícios que nos são concedidos.
Alguns
desses benefícios, além da restauração da comunhão com Deus são:
1º. benefício:
Resposta à oração - 2 Cr. 7:14
“...se o meu povo, que se chama pelo meu nome, se
humilhar, e orar, e me buscar, e se converter dos seus maus caminhos, então, eu
ouvirei dos céus, perdoarei os seus pecados e sararei a sua terra.”
Aqui
vemos as promessas ditas por Deus a Salomão após a dedicação do Templo feito
por este para a glória do Senhor; são apresentadas as condições divinas para
se receber a bênção do Senhor:
humildade, oração, devoção e arrependimento.
2º. benefício:
Vida plena - Ez. 18:21
“... se o perverso se converter de todos os
pecados que cometeu, e guardar todos os meus estatutos, e fizer o que é reto e
justo, certamente, viverá; não será morto.”
O
profeta do exílio, em seu julgamento contra Israel, declara a responsabilidade
individual do homem: cabe ao perverso alterar sua vida, pela graça de Deus, e
só assim, obter vida plena em Cristo Jesus, como ele mesmo disse: “O ladrão vem
somente para roubar, matar e destruir; eu vim para que tenham vida e a tenham
em abundância.” (Jo.10:10).
3º. benefício:
o dom do Espírito Santo - At.
2:38
“Respondeu-lhes Pedro: Arrependei-vos, e cada um
de vós seja batizado em nome de Jesus Cristo para remissão dos vossos pecados,
e recebereis o dom do Espírito Santo.”
Deste,
que se tornou um dos convites mais normais que os pregadores dirigem aos seus
ouvintes aprendemos que o arrependimento é uma resposta às boas-novas do reino
de Deus. Calvino insistia que o “arrependimento não somente sempre segue a fé,
como também é produzido por ela (Institutas III, iii.1).
Assim,
o batismo cristão, sinal do perdão, tem outro aspecto: o dom do Espírito Santo.
É exatamente este Espírito quem leva a efeito a purificação no íntimo, da qual
o batismo é o símbolo externo.
Certamente
são inúmeros os benefícios de caminharmos pelo bom caminho.
CONCLUSÃO:
A
chamada divina ao arrependimento, à conversão é um assunto que deve ser trazido
com propriedade aos púlpitos de nossa igreja.
Muitos
de nossos irmãos lá fora, muitos de nós, você individualmente, eu, precisamos
nos colocar à margem no caminho e ver, e questionar pelo bom caminho.
Somos
convidados para a salvação! Daí
exigir-se uma resposta urgente. Andar pelo bom caminho traz-nos grandes
motivações: os preciosos benefícios do arrependimento que é segundo Deus.
Portanto,
“Assim diz o
SENHOR: Ponde-vos à margem no caminho e vede, perguntai pelas veredas antigas,
qual é o bom caminho; andai por ele e achareis descanso para a vossa alma; mas
eles dizem: Não andaremos.”
Deus abençoe Sua Igreja!
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