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quarta-feira, 23 de abril de 2014

A CHAMADA DIVINA AO ARREPENDIMENTO Jr 6.16


“Assim diz o SENHOR: Ponde-vos à margem no caminho e vede, perguntai pelas veredas antigas, qual é o bom caminho; andai por ele e achareis descanso para a vossa alma; mas eles dizem: Não andaremos.”


            Os Judeus, da Antiga Aliança, porém, pareciam não compreender o chamado de Deus ao arrependimento.
            Jeremias, o “profeta relutante”, começou seu ministério com cerca de 20 anos de idade, no reinado do bom rei Josias, de quem era amigo. Porém, após a morte de Josias, a oposição ao profeta ganhou ímpeto por parte dos nobres e reis subsequentes. Naturalmente sensível e compreensivo, recebeu de Deus a incumbência de proclamar uma severa mensagem de julgamento, por quatro décadas conclamando Judá a que sofresse uma conversão radical para o bom caminho.
            O que significa essa conversão?  O que quer dizer esse chamado ao arrependimento? 


            Segundo o Dr. R. C. Sproul, “nas Escrituras, arrependimento significa ‘experimentar alguém uma mudança de mente’... não é uma mera questão de mudar opiniões secundárias, mas, de toda a direção da vida. Envolve sair do pecado para Cristo.”
            Devido a tão importante valor dessa doutrina podemos afirmar que a chamada divina ao arrependimento, primeiramente, ...

è  É UMA CONDIÇÃO NECESSÁRIA PARA A SALVAÇÃO - At. 20:17-21
“De Mileto, mandou a Éfeso chamar os presbíteros da igreja. E, quando se encontraram com ele, disse-lhes: Vós bem sabeis como foi que me conduzi entre vós em todo o tempo, desde o primeiro dia em que entrei na Ásia, servindo ao Senhor com toda a humildade, lágrimas e provações que, pelas ciladas dos judeus, me sobrevieram, jamais deixando de vos anunciar cousa alguma proveitosa e de vo-la ensinar publicamente e também de casa em casa, testificando tanto para judeus como a gregos o arrependimento para com Deus e a fé em nosso Senhor Jesus [Cristo].”

            Segundo o historiador e médico Lucas, companheiro de viagem do apóstolo dos gentios, Paulo, por ocasião de sua terceira viagem missionária, passando pela Ásia, este convoca uma reunião dos presbíteros de Éfeso em Mileto. Certamente, o motivo de Paulo não querer passar por Éfeso é divido ao fato de que seus amigos não o deixariam partir senão depois de uma breve visita. É bom lembrar que Paulo desejava estar, o quanto antes, em Jerusalém onde esperava passar o dia de Pentecoste, festa de gratidão pela providência de Deus.
            Paulo estava consciente de que não voltaria à Ásia. Daí, aproveitar ele a última oportunidade de falar aos líderes da igreja, antes de ir para Jerusalém com a probabilidade de detenção e de prisão ali.
            Por ser o seu último discurso dirigido à igreja, os posteriores foram voltados para suas defesas diante dos judeus e dos romanos, sua preleção deveria trazer o resumo de seu zelo pela obra missionária, como que numa retrospectiva, e bem assim, instruções para a igreja.
            Aqui temos um resumo do que Paulo realmente pregava – versículo 21 – tanto judeus como gregos necessitavam do arrependimento e da fé. E porque precisavam do arrependimento ? Por ser ele necessário para a salvação !
            O arrependimento não é a causa do novo nascimento ou regeneração, antes é o resultado ou fruto da regeneração. Ele é uma atitude do homem, uma resposta do homem ao chamado divino à fé implantada em seu coração. “Lançai de vós todas as vossas transgressões e criai em vós coração novo e espírito novo; pois, por que morreríeis, ó casa de Israel ?” (Ez. 18:31)  É também uma obra de Deus que o Senhor capacita os seres humanos a fazerem: “E, ouvindo eles estas cousas, apaziguaram-se e glorificaram a Deus, dizendo: Logo, também aos gentios foi por Deus concedido o arrependimento para a vida.” (At. 11:18).
            De acordo com Howard Marshall, o apóstolo Paulo frequentemente usava o termo “conversão” – do grego: epestreyate  -- ao invés de “arrependimento” – do original: metanoian – que pertence ao vocabulário de Lucas. Um exemplo disso é 1 Tessalonicenses 1:9: “... vos convertestes a Deus, para servirdes o Deus vivo e verdadeiro.
            O Dr. James Kennedy ressalta que meramente arrepender-se dos próprios pecados não garante a entrada no céu; como dizem os humanistas: basta que você sinta contrição autêntica pelos seus pecados, confessando-os e arrependendo-se dos mesmos, esforçando-se daí por diante, por levar uma vida correta.  Isso é arrependimento ! Mas o que falta para ser um arrependimento conforme as Escrituras ?
O arrependimento deve dar a Cristo o lugar que Ele merece em sua vida, ou seja, a  primazia; como o Senhor Jesus ensinou: “... buscai, pois, em primeiro lugar, o seu reino e a sua justiça, e todas estas coisas vos serão acrescentadas.
            Não é suficiente saber que o arrependimento é uma condição necessária para a salvação, para andarmos pelo bom caminho é necessário responder positivamente ao chamado divino. Por isso, a chamada divina para o arrependimento, em segundo lugar...

è EXIGE UMA RESPOSTA URGENTE -  Mt. 3:2
            “Arrependei-vos, porque está próximo o reino dos céus.”

            Mateus, o coletor de impostos transformado em apóstolo, escritor do evangelho que leva o seu nome, escrito especialmente para judeus visando responder às suas indagações sobre Jesus de Nazaré, que é o Messias de Israel, nos apresenta a exigência urgente do arrependimento.
            Enquanto Jesus ainda morava em Nazaré surge  João Batista, pregando no deserto da Judéia de conformidade com a profecia de Isaías: “Voz do que clama no deserto: Preparai o caminho do SENHOR; endireitai no ermo vereda a nosso Deus.” (Is. 40:3)
            Tais palavras são antecedidas pela expressão “arrependei-vos” (v.2). O arrependimento aqui é uma resposta, uma preparação para a chegada do Reino dos céus. O Reino de Deus estava para ser imediatamente manifesto em Israel, na sua plenitude através da pessoa e obra de nenhum outro senão o próprio Messias. E segundo, o Dr. R.V.G. Tasker, “para esta grande chegada os homens precisavam preparar um caminho em seus corações.” Tasker diz ainda que “reino” significa “domínio real” mais do que a esfera em que esse domínio é exercido.
            O autor da epístola aos Hebreus nos adverte: “Hoje, se ouvirdes a sua voz, não endureçais o vosso coração.” (Hb. 3:7,8). Certamente, ouvimos aqui ecos do que dizia o grande profeta João aos seus contemporâneos. É também sem sobra de dúvida uma mensagem para os dias de hoje.
            Por 53 vezes no novo testamento os homens são chamados ao arrependimento. No entanto, há muitos que se iludem com a falsa esperança de cair no favor divino por algo que possam ter feito ou ainda que pretendam vir a fazer. É o caso do prefeito de minha cidade natal, Campo Belo, que em entrevista ao jornal evangélico local disse ter certeza de ir para o céu por já ter sofrido muito e por ser alguém muito bom. Porém, com base nas Escrituras a Confissão de Fé de Westminster afirma que tal esperança perecerá juntamente com os tais, com disse Jesus “... se, porém, não vos arrependerdes, todos igualmente perecereis.” (Lc. 13:3).
            Dada a urgência de tal exigência, a do arrependimento, por que ela não é hoje em dia mais claramente anunciada em nossos púlpitos ?  R.B. Kuyper diz que é devido ao fato do homem ter perdido de vista duas coisas:
(1). O real significado do pecado. Eles o veem como algo de pouca importância, desculpável por fazer parte da natureza humana.  Não percebem que o pecado inevitavelmente produz a morte;
(2). A santidade de Deus. Não levantam os olhos, pois, se ao menos os erguessem e contemplassem a Deus, haveriam de abominar a si mesmos e de arrepender-se no pó e na cinza.
            Assim, para andarmos no bom caminho, temos de responder urgentemente à chamada divina ao arrependimento e isso porque ele, em terceiro lugar...

è TRAZ CONSIGO PRECIOSOS BENEFÍCIOS - I Jo. 1:9
“Se confessarmos nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda injustiça.”

            O teólogo Dr. R. C. Sproul diz-nos que “quando o arrependimento é oferecido a Deus num espírito de verdadeira contrição, ele promete nos perdoar e restaurar nossa comunhão com ele.”
            O discípulo amado, João, autor das cartas e do evangelho que levam o seu nome escreve, possivelmente, de Éfeso, onde passou os últimos anos de sua vida, escreve-nos quanto aos benefícios do arrependimento advindos da confissão dos pecados. Certamente este – o perdão dos pecados e a consequente entrada na família de Deus – é o maior de todos os benefícios e um dos primeiros.
            Preocupado com seus “filhinhos” e em favor de seu “bem-estar” espiritual, João, já de idade avançada, ensina que devemos “dizer a mesma coisa que Deus diz com respeito ao pecado”, e isso é confissão, segundo Charles Caldwell Ryrie.
            Uma vez tendo-nos apropriado do espírito de arrependimento que Davi demonstrou no Salmo 51:10, 17, como segue --  “Cria em mim, ó Deus, um coração puro e renova dentro em mim, um espírito inabalável. ...  Sacrifícios agradáveis a Deus são o espírito quebrantado; coração compungido e contrito, não o desprezarás, ó Deus” – cabe  a nós gozarmos de todos os benefícios que nos são concedidos. 
            Alguns desses benefícios, além da restauração da comunhão com Deus são:

1º. benefício:  Resposta à oração - 2 Cr. 7:14
“...se o meu povo, que se chama pelo meu nome, se humilhar, e orar, e me buscar, e se converter dos seus maus caminhos, então, eu ouvirei dos céus, perdoarei os seus pecados e sararei a sua terra.”
            Aqui vemos as promessas ditas por Deus a Salomão após a dedicação do Templo feito por este para a glória do Senhor; são apresentadas as condições divinas para se  receber a bênção do Senhor: humildade, oração, devoção e arrependimento.

2º. benefício:  Vida plena - Ez. 18:21
“... se o perverso se converter de todos os pecados que cometeu, e guardar todos os meus estatutos, e fizer o que é reto e justo, certamente, viverá; não será morto.”

            O profeta do exílio, em seu julgamento contra Israel, declara a responsabilidade individual do homem: cabe ao perverso alterar sua vida, pela graça de Deus, e só assim, obter vida plena em Cristo Jesus, como ele mesmo disse: “O ladrão vem somente para roubar, matar e destruir; eu vim para que tenham vida e a tenham em abundância.” (Jo.10:10).

3º. benefício:  o dom do Espírito Santo -  At. 2:38

“Respondeu-lhes Pedro: Arrependei-vos, e cada um de vós seja batizado em nome de Jesus Cristo para remissão dos vossos pecados, e recebereis o dom do Espírito Santo.”

            Deste, que se tornou um dos convites mais normais que os pregadores dirigem aos seus ouvintes aprendemos que o arrependimento é uma resposta às boas-novas do reino de Deus. Calvino insistia que o “arrependimento não somente sempre segue a fé, como também é produzido por ela (Institutas III, iii.1).
            Assim, o batismo cristão, sinal do perdão, tem outro aspecto: o dom do Espírito Santo. É exatamente este Espírito quem leva a efeito a purificação no íntimo, da qual o batismo é o símbolo externo.
            Certamente são inúmeros os benefícios de caminharmos pelo bom caminho.

CONCLUSÃO:
            A chamada divina ao arrependimento, à conversão é um assunto que deve ser trazido com propriedade aos púlpitos de nossa igreja.
            Muitos de nossos irmãos lá fora, muitos de nós, você individualmente, eu, precisamos nos colocar à margem no caminho e ver, e questionar pelo bom caminho.
            Somos convidados para a salvação!  Daí exigir-se uma resposta urgente. Andar pelo bom caminho traz-nos grandes motivações: os preciosos benefícios do arrependimento que é segundo Deus.
Portanto,
“Assim diz o SENHOR: Ponde-vos à margem no caminho e vede, perguntai pelas veredas antigas, qual é o bom caminho; andai por ele e achareis descanso para a vossa alma; mas eles dizem: Não andaremos.”


Deus abençoe Sua Igreja!

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