“Ouvi a palavra do Senhor, vós, filhos de Israel,
porque o Senhor tem uma contenda com os habitantes da terra, porque nela não há
verdade, nem amor, nem conhecimento de Deus.” (Oséias 4.1)
Vivemos
numa sociedade que tem sido reflexo do pensamento Pós-Modernista, movimento
este que se iniciou logo após o fim da II Grande Gerra Mundial. Vivemos um
colapso moral. Uma degeneração de valores que antes tinham grande peso para as
nossas consciências. Mas como se não bastasse, enfrentamos um colapso também de
significado. O Pós-Modernismo diz que “não existem absolutos”, tudo é relativo,
quer dizer, só é verdade até certo ponto, dependendo do ângulo que se
olha. R. Albert Mohler Jr., em seu livro
“Reforma Hoje”, diz que “tudo isso já seria suficientemente trágico se tais
tendências configurassem a consciência do mundo, mas não da igreja”. Mas, a
verdade tem sido rejeitada por muitos dentro da própria igreja. O que se houve
muitas vezes hoje não é a exposição da palavra de Deus, mas “mensagens de
motivação, suavizantes terapias para o “eu” e fórmulas para saúde,
prosperidade, integração pessoal, harmonia celeste, etc.”
Tudo
isto que estou falando, estava presente nos tempos do profeta Oséias.
O
profeta Oséias (significa “Ele tem Salvado” ou “salvação”), filho de Beeri,
profetizou nos dias de Uzias, Acaz e Ezequias, reis de Judá, e nos dias de
Jeroboão II, rei de Israel (1.1). Para com seu povo ele tem um amor profundo, e
sofre sobre sua tarefa de proclamar a queda de Israel.
O amor de Deus
por seu povo, a apostasia e o culto aos baalins, a justiça, o amor e a
misericórdia que Deus revelará outra vez ao seu povo, são simbolizados no casamento
de Oséias com Gômer, que ele ama, mas que anda atrás de outros amantes, e que
ele ainda assim tenta ganhar para si. Oséias condena os sacerdotes; é por causa
deles que não há “Conhecimento” de Deus
entre o povo, isto é: que o povo não está em comunhão com Deus. Também faltam a
fidelidade e o amor que pertencem à aliança, justamente aquilo em que Deus se
compraz, e não holocaustos (6.6). Oséias entende que, depois do julgamento
haverá possibilidade de um novo começo que significará uma “volta para o deserto,
por que ali foi que Deus tudo começou com seu povo (2.14-23). O livro se divide
basicamente em duas partes:
1º- O casamento de Oséias como sinal para o
povo (1-3)
2º-
Pronunciamentos Proféticos (4-14).
Por
que o povo estava sendo infiel à aliança, o profeta Oséias proclama que Deus
não tem se agradado do seu povo e por isto Deus tem uma contenda. A palavra
conte neste texto pode melhor ser traduzida por “um processo” ou “uma
acusação”.
è Deus tem uma
contenda com o seu povo, porque: NÃO HÁ
VERDADE:
Verdade é a qualidade daquilo que se é apresentado
como realmente é. Por que não há verdade, Deus tem uma contenda com o seu povo.
O vs. 2 diz que o que só prevalece é “...mentir...”. Mentir é o 2º verbo na
lista daquilo que o povo estava fazendo de errado e assim trazendo a ira de
Deus. O cap. 10.13, diz que o povo comia
“o fruto da mentira”, possivelmente seja fruto de negócios fraudulentos. Isto
podemos perceber no cap 11.12 e no cap 12.7 que diz que Efraim estava sendo
infiel nos seus negócios comerciais, “tendo nas mãos balanças enganosas”.
É
lastimável quando o povo deixa de praticar a verdade e anda na mentira.
Pilatos, interrogando a Jesus, pergunta se ele era rei (Jo 18.33-38). Jesus
diz: “para isso nasci e para isso vim ao mundo, a fim de dar testemunho da
verdade”. Então Pilatos pergunta para Jesus: “que é a verdade?”. Não sei se Pilatos
estava realmente interessado em querer saber o que era a verdade, mas Jesus, na
sua oração sacerdotal (Jo 17), ensina aos discípulos que a palavra de Deus é a
verdade (vs. 17). Que conforto sabermos que, embora o mundo declare não haver
verdade, Jesus declara que há de fato uma verdade e que estava verdade é a
palavra de Deus. Se cremos que a palavra de Deus é a verdade, por que não
anunciá-la sem distorção. Uma verdade anunciada com distorção não tem efeito
duradouro. O mesmo versículo diz também
que a verdade santifica. Ou seja, quanto mais andamos na verdade, mais nos
aproximamos de Deus. Se não falarmos a
verdade, seremos alvos da contenda de Deus.
è Deus tem uma contenda com o seu povo, porque: NÃO HÁ
AMOR:
Numa
relação de aliança de casamento, espera-se que as duas partes exerçam amor um
pelo outro. Deus, apesar da infidelidade de Israel, continua amando. O
casamento de Oséias com Gômer ilustra a aliança de Deus com israel. É
interessante observarmos o cap. 11, pois ele nos fornece dados importantes do
amor de Deus por Israel. O vs. 2, diz que Deus os chamava, mas Israel fugia e
mais e mais adorava os baalins. O vs. 4 diz que Deus os atraiu com “laços de
amor”. No entanto, vemos que a contenda de Deus com Israel se mantinha de pé,
pois este, além de rejeitar o amor de Deus, prostituía-se com os baalins ( 2.17
/ 9.10). Israel havia se corrompido e esquecido da aliança com Deus. Estava com
o coração voltado ao mal. Mentir, matar, adulterar era o seu costume.
Esqueceu-se de Deus. Quantas pessoas tem ouvido falar do amor Deus e o tem
rejeitado. A palavra amor aqui neste verso (4.1) geralmente é traduzida por
“misericórdia”. O povo não tem misericórdia, mas quando ouvimos esta palavra,
nos lembramos das palavras do profeta Jeremias: “as misericórdias do Senhor são
a causa de não sermos consumidos” (Lm 3.22). Se somos infiéis, ele continua
fiel (2 Tm 2.13). Deus quer que demonstremos amor por ele. Nada e nem ninguém
pode e deve tomar o lugar de Deus em nosso coração. No Evangelho de Lucas
(18.18-23), está registrada uma história interessante. Certo homem de posição, pergunta
a Jesus como ele pode ser salvo. Jesus pergunta se ele conhece os mandamentos e
enumera somente os 5 primeiros da segunda divisão, que trata da relação do
homem para com o homem e não menciona os 4 primeiros mandamentos que trata da
relação do homem para com Deus e o ultimo que trata da cobiça. Ele responde que
tudo isto tem cumprido desde a sua “juventude”. Então Jesus lhe diz que só
falta ele vender tudo e segui-lo. Jesus diz isso, pois sabia que ele era
avarento e a avareza é idolatria, pois toma o lugar de Deus. Amar a Deus sobre
todas as coisas é a cláusula mais importante da aliança com seu povo.
è Deus tem uma
contenda com o seu povo, porque: NÃO HÁ CONHECIMENTO DE DEUS:
Este
talvez seja o mais graves dos motivos pelos quais Deus tem uma contenda com o
seu povo: por que não há conhecimento. E por isso o povo de Deus está sendo
destruído. O conhecimento de Deus revela
quem Ele é, o que ele tem feito par redimir o seu povo e o que ele requer do
seu povo. Mas, por que não há conhecimento ? O profeta responde: “Porque tu,
sacerdote, rejeitastes o conhecimento” (4.6). Sem o devido conhecimento de Deus
não há direcionamento, logo, o povo é destruído. O povo que não tem
entendimento corre par a sua perdição (4.14). Por isso a exortação do Profeta:
“conheçamos e prossigamos em conhecer ao Senhor” (6.3), Pois “misericórdia
quero e não sacrifício, e o conhecimento de Deus, mais do que holocausto”(6.6).
Estando Jesus comendo com publicanos e pecadores, os fariseus questionam esta
atitude do mestre, então vem a resposta do mestre: “os são não precisam de médicos,
e sim os doentes”. Ele continua: “... Aprendei o que significa: Misericórdia
quero e não holocaustos..” (Mt 9.10-13). Jesus cita as palavras do profeta
Oséias para ensinar que o conhecimento de Deus é justificado na prática do amor
ao próximo, e que não adianta conhecer a Deus e estar dissociado de suas
implicações.
Em
Mt 23.1-12, Jesus censura os fariseus. Ele diz: “na cadeira de Moisés, se
assentaram os escribas e fariseus. Fazei e guardai, pois, tudo quanto eles vos
disserem, porém não os imiteis em suas obras (vs. 2,3). Quão terrível deve ter
sido para os fariseus e escribas que estavam ouvindo estas verdades da boca de
Jesus. Mas quão terrível também o é para muitos que dizem conhecer a Deus, amar
a Jesus, mas suas obras não atestam. Pessoas que enchem o peito para dizerem
que são cristãos, mas saqueiam os irmãos, ou como o próprio Senhor falou dos
fariseus e escribas, chamando-os de hipócritas, porque “devorais as casas das
viúvas e, para o justificar, fazeis longas orações ...” (vs. 14). Precisamos
ouvir a exortação do profeta Oséias: “conheçamos e prossigamos em conhecer ao
Senhor”. 1º, Se queremos ter intimidade com o Senhor, o melhor caminho é
conhecê-lo, e conhecê-lo naquilo que ele agradou-se revelar ao homem e que nós
encontramos registrado em sua Palavra. 2º, nada poderemos falar com veracidade
sobre Deus e seu plano par o homem, se não buscarmos conhecê-lo. E em 3º lugar,
nós, como líderes de comunidades religiosas, devemos ter o cuidado de
procurarmos com diligência conhecermos ao Senhor e não rejeitar a sua lei, pois
o veredito está dado: “Porque tu, sacerdote, rejeitaste o conhecimento, também
eu te rejeitarei para que não sejas sacerdote diante de mim” (vs.6).
CONCLUSÃO:
Não
podemos negar a verdade, pois ela existe e ela é a palavra de Deus. São os seus
decretos para a nossa conduta e disciplina. Se não pregarmos a verdade, seremos
coniventes com a mentira e o engano. Devemos também, em nossas ações
comerciais, amigáveis, ou qualquer outro contato com o nosso próximo,
demonstrar amor, cuidado e zelo em não somente suprir a sua falta, mas
providenciar para que ele mesmo seja colocado em uma posição em que ele próprio
possa se manter. Tomando o cuidado para que não permitamos que, com uma boa ação,
não sejamos explorado. E por ultimo, procurar conhecer mais e mais a Deus, pois
em conhecer a Deus constitui a glória do homem e o seu deleite. Em conhecer a
Deus, nós seremos mais e mais santificados e preparados para servi-lo, pois
conhecê-lo é mais agradável do que qualquer sacrifício ou holocausto.
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